Criação, dramaturgia e ideia original: António Alvarenga
Co-criação, interpretação, luz e direção técnica: Cristóvão Cunha
Participação especial: Sofia Dinger
Criação vídeo: Kátia Sá e Paulo Morais - Sámorais
Desenho de som: José Marques
Apoio à coreografia: João Fiadeiro
Consultadoria gastronómica: Rosário Pinheiro
Design e comunicação: Nuno Rodrigues
Assistência à produção: António Barbosa
Contabilidade: Contraponto
Produção: Ritual de Domingo - Associação Artística
Apoios: Fundação Calouste Gulbenkian, Festival Temps D’Images, Núcleo de Animação Cultural de Oliveirinha (NACO), Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (POISE), União Europeia - Fundo Social Europeu: Iniciativa Emprego Jovem, Portugal 2020, Mercado do Rato/Dona Ajuda/Praça, Bienal Cultura e Educação#1 - Retrovisor - República Portuguesa.
Agradecimentos: Município de Viseu, Círculo de Criação Contemporânea de Viseu - Polo1, António Simões, Adriano Filipe, Sónia Barbosa e Helena Botelho.
Como mergulhar no “novo” e ficar por ali, como uma criança, a ver o mundo pela primeira vez? Como nos maravilharmos com a profundidade e a repetição, encontrando significados “apenas” a partir do gesto. Como nos apaixonarmos porque fingimos estar apaixonados. Se fingirmos mesmo bem, o Pinóquio transforma-se em criança, a ficção “é”.
Não sabemos nada sobre robalos. Mas não é grave pois não sabemos nada sobre quase tudo. Se dedicarmos uma vida a um assunto, talvez possamos passar de não saber nada a saber muito pouco. Não sabemos nada sobre robalos, mas comemos robalos. Há biliões de robalos no mundo, milhões de pescadores de robalo, milhares de pessoas cujas vidas giram em torno do robalo, das suas caraterísticas e do seu corpo. É um jogo, mas não é uma brincadeira.
O que comemos? O que fazemos quando comemos? Qual a forma da nossa boca? O que vêem os outros quando comemos? Comem connosco? O robalo será servido, comido e digerido, mas, desta vez, por um ator que tudo sabe sobre ele. Que conhece todos os robalos do mundo.
Assistiremos a esse momento único em que passamos a saber pouco sobre um assunto do qual não sabíamos nada. Um ator, uma dramaturgia, uma mesa, pratos e talheres, vídeo e som ajudarão a fixar esse momento.
"Este peixe é um robalo" é um espetáculo sobre o não-saber. Sobre a possibilidade de um não-saber ativo que nos permita, literal e provisoriamente, olhar o mundo pela primeira vez. Um não-saber que nos ponha o coração a bater mais forte, enquanto espera.
O coração bate mais forte precisamente porque sabemos que vai chegar, mas não sabemos quando. Sabemos que vai terminar, mas não sabemos quando nem como. É isso que nos anima. Acreditar que virás, mas não saber exatamente quando.
"Este peixe é um robalo" é um espetáculo sobre o que vemos todos os dias e nos passa pelas mãos, sobre o que nos entra pelo corpo adentro e desconhecemos. Sobre o que engolimos sem saber: a cauda, o filete, a cabeça e as espinhas; o acontecimento, o padrão/tendência, o sistema em movimento e a meta-estrutura. E a inevitabilidade da confiança.
António Alvarenga (n. 1974) trabalha em Prospetiva, Estudos do Futuro e Planeamento por Cenários, com ligações (por vezes inesperadas, mas fortes) a outras áreas, com ênfase particular nas artes performativas. Parece que o seu foco é o futuro, mas, na verdade, trabalha sobre o presente, em particular sobre a forma como a experiência e as expectativas se materializam em decisões, e sobre os matizes da interação entre “nós” e o “nosso contexto”. É Professor Associado Convidado na Nova SBE (“Strategic Foresight and Scenario Planning”) e fundador da ALVA R&C, tendo trabalhado, nos últimos anos, com +100 organizações nacionais e internacionais. Integra, como investigador, o Centro de Estudos de Gestão do IST (U. Lisboa), sendo ainda investigador associado do Instituto de História Contemporânea (FCSH – U. Nova Lisboa). Conta com múltiplas contribuições para livros e publicações em revistas internacionais de referência. É doutorado em Ciências da Gestão (Lyon 3), licenciado em Economia (FEP - U. do Porto), Mestre em Estudos Económicos Europeus (Colégio da Europa – Bruges) e Pós‑Graduado em Estratégia (ISCSP – U. de Lisboa). Está a trabalhar na peça “Como/Solitude” e, sob diversas formas, em “Conselhos para colocar as coisas no seu devido lugar errado” (escreveu 426 até ao momento). Com João Fiadeiro, criou o projeto “(soft) Skills for (hard) Decisions (SfD)”, protagonizou a reposição da conversa-performance “O que eu sou não fui sozinho” (2018) e participou, como performer, na versão expandida da peça “O Que Fazer Daqui Para Trás” (2019). Nos últimos anos, entre outras intervenções, criou ou co-criou: “A Fragilidade de Estarmos Juntos” (com Miguel Castro Caldas e Sónia Barbosa); “Madame - conversas privadas em espaço público” (com Leonor Barata); “Do meu lugar, eu vejo-te” (com Leonor Barata); “Nada Pode Ficar” (co-responsável pelo argumento e ideia original); “Fluxodrama” (co‑criador; peça da Amarelo Silvestre); “Neighbouring” (série de diálogos cumulativos). Tem formação em teatro, poesia vocal, fotografia e cinema e escreveu para fotografia e sobre cinema. Foi Diretor do Departamento de Estratégias e Análise Económica da Agência Portuguesa para o Ambiente, Relator do Compromisso para o Crescimento Verde do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Diretor do Departamento de Inovação e Sectores Estratégicos da Câmara Municipal de Lisboa e Diretor de Serviços de Prospetiva Estratégica do Departamento de Prospetiva e Planeamento. Tem duas filhas cada vez menos pequenas. Corre.
Cristóvão Cunha (n. 1978). Faz da sua curiosidade a base da sua vida multifacetada em vários domínios, cruzando áreas e funções no mundo das artes performativas. Licenciado em Comunicação Social na Escola Superior de Educação de Viseu (IPV) e Comunicación Audiovisual em Salamanca (Facultad Ciencias Sociales, Universidad Salamanca). Começou como ator e produtor no Teatro da Academia de Viseu em 97 (enquanto estudante e jogador de basquetebol do Académico de Viseu) e iniciou o percurso profissional no Teatro Viriato em 2000 e na Companhia Paulo Ribeiro em 2001. Colaborou como desenhador de luz de vários criadores de dança ou teatro como Paulo Ribeiro, Nuno Nunes, Rui Catalão, Madalena Vitorino, Romulus Neagu, Patrick Muryes, Pieter Michael Dietz, Leonor Keil, Giacomo Scalisi, Sónia Barbosa, Eric Moed, Teatro do Vestido, Teresa Gentil, Amarelo Silvestre, Miguel Castro Caldas, Ruben Sabandini, La Ribot e Vera Mantero para o grupo Dançando com a Diferença, entre outros. Foi diretor técnico e desenhador de luz da Circolando entre 2006 e 2012. Colaborou pontualmente nas digressões de Marlene Monteiro Freitas.Actualmente também é director técnico digressões da Playfalse, Yola Pinto e Simão Costa Transdutctions, Graeme Pullyen, Escola de Dança Lugar Presente, operação e montagem luz, na Companhia Paulo Ribeiro desde 2002, e director técnico e desenhador de luz dos Jardins Efémeros em Viseu de 2011 até atualidade. Já percorreu, enquanto diretor técnico, muitos países conhecendo vários teatros e festivais internacionais de dezenas de cidades e localidades de 4 continentes. Membro do Cine Clube de Viseu desde 1997 (Presidente entre 2002 e 2006) sendo atual vogal do Conselho Fiscal. Como ator, esteve no Teatro da Academia (Teatro Universitário) de 1997 a 2001 em peças de Jorge Fraga. Noutra vida, a nível profissional trabalhou com John Mowat (Auto da Barca para a Companhia Paulo Ribeiro 2002), Viriato de Diogo Freitas Amaral e encenação Jorge Fraga/Teatro da Trindade 2003, Penelope/Teatro Mais Pequeno do Mundo de Graeme Pullyen (2011 a 2014). Membro fundador do Fórum Teatro Universitário 1998. Encenador de peças e director artístico do festival Palco para Dois ou Menos para a NACO (Núcleo de Animação Cultural de Oliveirinha, Carregal do Sal) de 2005 à atualidade. Membro Fundador da associação Ritual de Domingo com Sónia Barbosa em 2016 onde desempenha as funções de vice-presidente, produtor executivo e director técnico/desenhador de luz. Três filhos. Fez o seu primeiro vinho com o irmão em 2019.