Concepção e Encenação: Andreia Farinha, João Melo, Anafaia Supico e Raphael Soares
Texto: Andreia Farinha
Vídeo: João Melo
Sonoplastia: Raphael Soares
Música: José Smith Vargas e Raphael Soares
Figurinos: Anafaia Supico
Espaço Cénico: Andreia Farinha e João Calixto
Assistência Cenografia: Catarina Sousa e Rafael dos Santos
Interpretação: Andreia Farinha e João Ayton, com participação de Anafaia Supico, João Melo, Raphael Soares e Francisca Bagulho
Interpretação Musical: Laura Farinha
Operação de Som e video: Raphael Soares
Produção e Comunicação: Francisca Bagulho e Anafaia Supico
Design Gráfico comunicação: Begoña Claveria
Conteúdos gráficos e memes: Ricardo Donas
Apoios: Fundação GDA, Temps D’Images/ Dupla Cena, Self-Mistake, Damas, ARS-ID Associação de Investigação e Desenvolvimentos, Cão Solteiro, RDA69, Câmara Municipal de Lisboa / Pólo Cultural Gaivotas Boavista
Agradecimentos: CERAS centro de estudo e de recuperação de animais selvagens (Quercus - Beira Baixa), Campo de Alimentação de aves necrófagas - Monte Barata (Quercus - Beira Baixa), Estúdio Fetra, Balaclava Noir, Rodrigo Amado e familiares de Manuel Amado, Pedro Rita, Manuel Bívar
Ao longo do tempo das nossas vidas humanas há um ponto em que sentimos claramente que o chão começa a puxar, devagarinho, o corpo começa a ganhar peso.
Então atiramos os olhos para cima, as mãos erguidas em flor a abocanhar o céu, a implorar tréguas à gravidade.
Para uns é assim que se encontra Deus, para outros é assim que se descobrem as aves.
Em 1813, o famoso ornitólogo John James Audubon relatou ter assistido a um bando migratório de biliões de pombos-passageiros no Kentucky, tão compacto que por três dias “a luz do meio-dia foi obscurecida como por um eclipse”.
O último exemplar desta espécie chamava-se Martha e morreu em 1914 no jardim zoológico de Cincinatti.
É sobre o céu que nos inclinamos nesta peça, para que possamos, antes que seja tarde demais, aprender algo com os que, realmente, cagam de alto.
Truta no Buraco é uma companhia formada por um bando de gentes que foi, nos últimos anos, consolidando um estilo e uma equipa artística, com o objectivo de pensar socialmente a vida e a cultura, despertos para a clarividência de que a nossa condição assim o exige. A solidão a nós não nos privilegia.
O nome surge de uma mítica entrevista de José Mourinho em 2018 em que o mesmo cita o filósofo Hegel para explanar a máxima " The truth is in the whole" que, no seu inglês macarrónico nos soou a "the trout is in the hole".
Ora, é precisamente sobre a reflexão do todo que o nosso trabalho pretende incidir, construindo uma perspectiva histórica a partir da sua sombra.
Andreia Farinha, formada em teatro em parceria com João Melo vindo do cinema, em colaboração contínua com José Smith Vargas, Manuel Bivar, e mais recentemente com Raphael Soares, Anafaia Supico, João Ayton, Ricardo Donas, e Francisca Bagulho, formam esta quadrilha.
Abrigamos a convicção de que este grupo está genuinamente empenhado em produzir pensamento crítico sobre o mundo através de uma cultura mais acessível e menos apelintrada e piegas politicamente. E assim, quixotescamente, temos vindo a aprimorar-nos nos meandros das artes a que, para mal dos nossos pecados, decidimos dedicar-nos.
Neste tempo de Ubus gostaríamos de aproveitar, enquanto o sangue ainda é inflamável, para o desperdiçar no teatro. É tudo.
Andreia Farinha (1984, Lisboa) é licenciada pela ESTC em Teatro, Realização Plástica do Espetáculo, tendo passado pela Visoka Skola Muzickych Uméni, em Bratislava, e completado o seu estágio final com a companhia “Terreira da Tribo”, em Porto Alegre, Brasil. Trabalhou como atriz, dramaturga e professora de práticas teatrais em diversos projetos de carácter social e comunitário, tanto no cinema, com Terratreme ou Filmtopia, como na área do teatro associativo, com a Fundação Aga Khan. É co-fundadora da Companhia Truta no Buraco.